Espaço
Rural
A ideia do espaço rural como local de
esvaziamento e pouco desenvolvido, é perpetuado devido a grande valorização
dada a área urbana, principalmente na década de 1950 em que o processo de
urbanização se intensificou passando de um país predominantemente Rural,
para Urbano em meados da década de 1970. O país possuía cerca 26,35% (1940) e
alcançou 68,86% (1980) na
taxa de urbanização (SANTOS, 1996), devido a forte industrialização (1950) no
qual o espaço urbano passou avançar ainda mais, atraindo a população rural para
o urbano, principalmente aos grandes centros, pois estes espaços em teoria
ofertava ua melhor condição de vida.
Até
os dias atuais o espaço rural é considerado por muitos sinônimos de atraso,
ultrapassado, imóvel no tempo, como uma vida de privações, onde a vivência só é
possível, com muito trabalho ligado diretamente a terra, um lugar no qual
oferce o mínimo necessário para viver, sendo considerados como área de
dispersão demográfica.
Todavia
o rural não necessariamente é local de baixa densidade demográfica, isto é
bastante relativo, assim como as atividades que desenvolvidas, podendo ir além
das atividades primárias ligadas a agriculta e pecuária. O rural desenvolve
atividades diversas além do uso do solo pela população residente. Como o caso do
agronegócio, além da vinculação das diversas atividades variadas, como a
terciaria (característica urbana).
São
José das Itapororocas, localizado no distrito de Maria Quitéria, da cidade de
Feira de Santana – Ba, é um exemplo de uma área reconhecida como rural, mas que
mantém uma organização e estrutura, com acesso a posto de saúde, escolas,
internet, ou seja, mesmo mantendo características rurais como as relações
interpessoais, organização espacial e atividades primárias. Existe o
desenvolvimento, em todos os aspectos além das atividades primárias, diversos
residentes exercem atividades diferenciadas, muitos trabalhando no comércio do
município de Feira de Santana, ou seja, o espaço rural não deve ser
caracterizado como sinônimo de esvaziamento ou atraso, ou condições de vida não
dignas ou inferiores em comparação ao espaço urbano.
O
espaço rural tem passado por um conjunto de mudanças com significativo impacto
sobre suas funções e conteúdo social, o que tem levado ao surgimento de uma
série de estudos e pesquisas sobre o tema em vários países, sobretudo nos
desenvolvidos. Pois o processo de modernização, mecanização e de tecnização
ampliou-se sobre a a agricultura, subordinando e/ou excluindo um grande número
de pequenos produtores e trabalhadores rurais, indo em busca de trabalho na
área urbana ou trabalhando para grandes produtores ou industrias, fortalecendo
o trabalho acessório ou a pluriatividade para complementação da renda, assim
observamos a crescente concentração fundiária, como também problemas ambientais
e sociais.
O
espaço rural vai além do número populacional, ou atividades econômicas
estabelecidas, este espaço é compreendido em suas relações sociais
estabelecidas, assim inclui-se, mas não determina os aspectos como atividades
desenvolvidas.
Espaço
Urbano
O espaço urbano em termos gerais, é o conjunto de diferentes usos da terra justapostos entre si. Tais usos definem áreas, como: o centro da cidade, local de concentração de atividades comerciais, serviços e gestão; áreas industriais e residências, distintas em forma e conteúdo social. Este conjunto de usos da terra é a organização espacial ou fragmentação do espaço urbano.
Ou
seja, o espaço é fragmentado e ainda assim articulado, reflexo e condicionante
social, um conjunto de símbolos e campo de lutas. É assim a própria sociedade
em uma de suas dimensões, aquela mais aparente, materializada nas formas
espaciais.
Este
espaço com base em Corrêa (1995) é produzido por agentes sociais que (re)fazem
a cidade, sendo eles proprietários dos meios de produção, principalmente os
grandes industriais, que utilizam de grandes espaços, pois necessitam de
grandes áreas locacionais estratégicas, para suas atividades. Proprietários
fundiários, no qual obtém de uma maior renda fundiária de suas propriedades, sendo
de uso comercial e/ou residencial. Promotores imobiliários, agentes que
realizam operações incorporação, financiamento, estudo técnico; construção ou produção física do imóvel; e
comercialização ou transformação do capital-mercadoria em capital-dinheiro,
agora acrescido de lucro. O Estado, na organização da cidade, na qual
sua atuação é complexa e variável, refletindo no tempo e espaço sobre a
dinâmica da sociedade que constitui. E os grupos excluídos são aqueles que não possuem renda para pagar o
aluguel de uma habitação digna e muito menos para comprar um imóvel, grupo tal
que não possui e condições básicas para uma vida digna.
Feira
de Santana-Ba a partir da década de 1970 segundo o IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística), tornou-se uma cidade de população urbana, com
cerca de 70,63% (IBGE, 2010), esse crescimento começou a acentuar-se na década
de 1950. Com o processo de urbanização a cidade ampliou-se, tomando parte de
áreas antes consideradas rurais, aumentando a mancha urbana.
Interrelação
Rural e Urbano
Atualmente
é difícil definir delimitar o espaço rural e urbano em sua essência, pois os
limites definidos por leis, não necessariamente representa a realidade. Com
aumento populacional do espaço urbano, acaba-se sendo necessária a ampliação
dessas áreas urbanas “invadindo”, ou se apropriando a áreas rurais, devido ao
crescimento em geral desordenado e sem planejamento.
Os espaços rurais acabam sendo
modificada também, pois características antes só encontradas nos espaços
urbanos, hoje encontram-se também no rural, como atividades terciarias,
serviços gerais e mais avançados tecnologicamente, alguns aspectos sociais e
culturais começam a se interpor aos espaços antes caracterizados como mais
conservadores, isso se dá através da aproximação existente entre esses dois
espaços. Assim existe também a necessidade que empresas antes localizadas e
concentradas nos espaços urbanos, passaram a se estabelecer em pontos
estratégicos dos espaços rurais, modificando não somente a estrutura urbana,
como principalmente a rural.
O avanço das áreas urbanas sobre as
rurais também ocasionam, além de problemas sociais, por falta de estrutura,
pois aumenta-se as áreas mas não amplia-se a organização para uma melhor
condição de vida, sendo um espaço antes rural e agora torna-se urbano,
moradores dessas áreas nem sempre se adaptam essa mudanças e levam consigo e
permanecem as características rurais, como ocorre em geral em áreas
periurbanas, a população matem o uso da terra como principal, complementar ou única fonte de renda com o cultivo e a
pecuária em áreas urbanas, isto é mais encontrando em médias/pequenas cidades,
além de manter outras características culturais e sociais.
Assim
como o Brasil, a cidade de Feira de Santana apresentou um alto nível de
processo de urbanização, sendo que em 1950 a porcentagem da população urbana
era de 31,97% e a partir das décadas de 1970/80 ultrapassava a população rural,
possuindo respectivamente 70,63% e 80,98% (IBGE, 2010). Com este crescimento
pode apontar a concentração populacional e a necessidade da área urbana avançar
sobre a rural, como o caso do bairro Gabriela que apresenta áreas em processo
de urbanização, que ainda possui características rurais, como a agricultura
periurbana que é fortemente encontrada no local.
Nenhum comentário:
Postar um comentário