quarta-feira, 5 de setembro de 2018

ESPAÇO RURAL, ESPAÇO URBANO E SUA ARTICULAÇÃO.




Espaço Rural

A ideia do espaço rural como local de esvaziamento e pouco desenvolvido, é perpetuado devido a grande valorização dada a área urbana, principalmente na década de 1950 em que o processo de urbanização se intensificou passando de um país predominantemente Rural, para Urbano em meados da década de 1970. O país possuía cerca 26,35% (1940) e alcançou 68,86% (1980) na taxa de urbanização (SANTOS, 1996), devido a forte industrialização (1950) no qual o espaço urbano passou avançar ainda mais, atraindo a população rural para o urbano, principalmente aos grandes centros, pois estes espaços em teoria ofertava ua melhor condição de vida.
Até os dias atuais o espaço rural é considerado por muitos sinônimos de atraso, ultrapassado, imóvel no tempo, como uma vida de privações, onde a vivência só é possível, com muito trabalho ligado diretamente a terra, um lugar no qual oferce o mínimo necessário para viver, sendo considerados como área de dispersão demográfica.
Todavia o rural não necessariamente é local de baixa densidade demográfica, isto é bastante relativo, assim como as atividades que desenvolvidas, podendo ir além das atividades primárias ligadas a agriculta e pecuária. O rural desenvolve atividades diversas além do uso do solo pela população residente. Como o caso do agronegócio, além da vinculação das diversas atividades variadas, como a terciaria (característica urbana).
São José das Itapororocas, localizado no distrito de Maria Quitéria, da cidade de Feira de Santana – Ba, é um exemplo de uma área reconhecida como rural, mas que mantém uma organização e estrutura, com acesso a posto de saúde, escolas, internet, ou seja, mesmo mantendo características rurais como as relações interpessoais, organização espacial e atividades primárias. Existe o desenvolvimento, em todos os aspectos além das atividades primárias, diversos residentes exercem atividades diferenciadas, muitos trabalhando no comércio do município de Feira de Santana, ou seja, o espaço rural não deve ser caracterizado como sinônimo de esvaziamento ou atraso, ou condições de vida não dignas ou inferiores em comparação ao espaço urbano.
O espaço rural tem passado por um conjunto de mudanças com significativo impacto sobre suas funções e conteúdo social, o que tem levado ao surgimento de uma série de estudos e pesquisas sobre o tema em vários países, sobretudo nos desenvolvidos. Pois o processo de modernização, mecanização e de tecnização ampliou-se sobre a a agricultura, subordinando e/ou excluindo um grande número de pequenos produtores e trabalhadores rurais, indo em busca de trabalho na área urbana ou trabalhando para grandes produtores ou industrias, fortalecendo o trabalho acessório ou a pluriatividade para complementação da renda, assim observamos a crescente concentração fundiária, como também problemas ambientais e sociais.
O espaço rural vai além do número populacional, ou atividades econômicas estabelecidas, este espaço é compreendido em suas relações sociais estabelecidas, assim inclui-se, mas não determina os aspectos como atividades desenvolvidas.


Espaço Urbano















O espaço urbano em termos gerais, é o conjunto de diferentes usos da terra justapostos entre si. Tais usos definem áreas, como: o centro da cidade, local de concentração de atividades comerciais, serviços e gestão; áreas industriais e residências, distintas em forma e conteúdo social. Este conjunto de usos da terra é a organização espacial ou fragmentação do espaço urbano.
Ou seja, o espaço é fragmentado e ainda assim articulado, reflexo e condicionante social, um conjunto de símbolos e campo de lutas. É assim a própria sociedade em uma de suas dimensões, aquela mais aparente, materializada nas formas espaciais.
Este espaço com base em Corrêa (1995) é produzido por agentes sociais que (re)fazem a cidade, sendo eles proprietários dos meios de produção, principalmente os grandes industriais, que utilizam de grandes espaços, pois necessitam de grandes áreas locacionais estratégicas, para suas atividades. Proprietários fundiários, no qual obtém de uma maior renda fundiária de suas propriedades, sendo de uso comercial e/ou residencial. Promotores imobiliários, agentes que realizam operações incorporação, financiamento, estudo técnico; construção ou produção física do imóvel; e comercialização ou transformação do capital-mercadoria em capital-dinheiro, agora acrescido de lucro. O Estado, na organização da cidade, na qual sua atuação é complexa e variável, refletindo no tempo e espaço sobre a dinâmica da sociedade que constitui. E os grupos excluídos são aqueles que não possuem renda para pagar o aluguel de uma habitação digna e muito menos para comprar um imóvel, grupo tal que não possui e condições básicas para uma vida digna.
Feira de Santana-Ba a partir da década de 1970 segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), tornou-se uma cidade de população urbana, com cerca de 70,63% (IBGE, 2010), esse crescimento começou a acentuar-se na década de 1950. Com o processo de urbanização a cidade ampliou-se, tomando parte de áreas antes consideradas rurais, aumentando a mancha urbana.


Interrelação Rural e Urbano

Atualmente é difícil definir delimitar o espaço rural e urbano em sua essência, pois os limites definidos por leis, não necessariamente representa a realidade. Com aumento populacional do espaço urbano, acaba-se sendo necessária a ampliação dessas áreas urbanas “invadindo”, ou se apropriando a áreas rurais, devido ao crescimento em geral desordenado e sem planejamento.
            Os espaços rurais acabam sendo modificada também, pois características antes só encontradas nos espaços urbanos, hoje encontram-se também no rural, como atividades terciarias, serviços gerais e mais avançados tecnologicamente, alguns aspectos sociais e culturais começam a se interpor aos espaços antes caracterizados como mais conservadores, isso se dá através da aproximação existente entre esses dois espaços. Assim existe também a necessidade que empresas antes localizadas e concentradas nos espaços urbanos, passaram a se estabelecer em pontos estratégicos dos espaços rurais, modificando não somente a estrutura urbana, como principalmente a rural.
            O avanço das áreas urbanas sobre as rurais também ocasionam, além de problemas sociais, por falta de estrutura, pois aumenta-se as áreas mas não amplia-se a organização para uma melhor condição de vida, sendo um espaço antes rural e agora torna-se urbano, moradores dessas áreas nem sempre se adaptam essa mudanças e levam consigo e permanecem as características rurais, como ocorre em geral em áreas periurbanas, a população matem o uso da terra como principal, complementar  ou única fonte de renda com o cultivo e a pecuária em áreas urbanas, isto é mais encontrando em médias/pequenas cidades, além de manter outras características culturais e sociais.
Assim como o Brasil, a cidade de Feira de Santana apresentou um alto nível de processo de urbanização, sendo que em 1950 a porcentagem da população urbana era de 31,97% e a partir das décadas de 1970/80 ultrapassava a população rural, possuindo respectivamente 70,63% e 80,98% (IBGE, 2010). Com este crescimento pode apontar a concentração populacional e a necessidade da área urbana avançar sobre a rural, como o caso do bairro Gabriela que apresenta áreas em processo de urbanização, que ainda possui características rurais, como a agricultura periurbana que é fortemente encontrada no local.










                                         

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